20 anos – Quando olhamos para trás e nos deparamos com o tempo, dizemos: “Nossa, parece que foi ontem, e já se passaram 20 anos!” É, 20 anos se foram, e junto com eles um profissional ímpar, de uma arte magnífica, onde poucos sabem reconhecer o seu real valor. Estamos falando da arte da Dublagem, ou mais diretamente sobre Líbero Miguel Giachetta.
Paulista, nascido aos 26 de Setembro de 1932, ao que tudo indica sempre teve a veia artística muito fluente em sua vida. Sites como a Wikipédia, creditam a ele a atuação em produções cinematográficas como “O Pequeno Lorde” (1957), a direção de Telenovelas como “As Grandes Esperanças” (1961) e filmes como “Os Insaciados”, de 1981. Sua participação em rádio também é fato consumado. Seus trabalhos mais conhecidos são os mais recentes, já em Dublagem, devido à disseminação do conhecimento por diversas mídias ao longo dos anos. Antigamente, era difícil saber algo sobre uma pessoa da qual você era fã, fato esse que mudou completamente com a chegada (talvez a palavra correta seja “propagação”) da Internet ao mundo. Ficava-se a mercê de revistas ou programas de rádio, e até mesmo televisão, mas o alcance dessas mídias era relativamente baixo, devido à grande diferença econômica entre as pessoas. Desse modo, pode se ouvir sua voz em alguns personagens de programas conhecidos de longa data do público brasileiro, como é o caso do desenho animado do Pica Pau, que estreou no Brasil pela Record, passou pelo SBT e Globo, voltando à primeira casa e sendo exibido diariamente nos fins de tarde da emissora.
Paulista, nascido aos 26 de Setembro de 1932, ao que tudo indica sempre teve a veia artística muito fluente em sua vida. Sites como a Wikipédia, creditam a ele a atuação em produções cinematográficas como “O Pequeno Lorde” (1957), a direção de Telenovelas como “As Grandes Esperanças” (1961) e filmes como “Os Insaciados”, de 1981. Sua participação em rádio também é fato consumado. Seus trabalhos mais conhecidos são os mais recentes, já em Dublagem, devido à disseminação do conhecimento por diversas mídias ao longo dos anos. Antigamente, era difícil saber algo sobre uma pessoa da qual você era fã, fato esse que mudou completamente com a chegada (talvez a palavra correta seja “propagação”) da Internet ao mundo. Ficava-se a mercê de revistas ou programas de rádio, e até mesmo televisão, mas o alcance dessas mídias era relativamente baixo, devido à grande diferença econômica entre as pessoas. Desse modo, pode se ouvir sua voz em alguns personagens de programas conhecidos de longa data do público brasileiro, como é o caso do desenho animado do Pica Pau, que estreou no Brasil pela Record, passou pelo SBT e Globo, voltando à primeira casa e sendo exibido diariamente nos fins de tarde da emissora.
E foi justamente na Dublagem que o seu trabalho se difundiu de forma mais ampla, graças ao espaço que essa arte promissora vinha alcançando. Ele acompanhou essa evolução desde o começo, participou de vários estúdios pioneiros, como a Gravasom e a lendária AIC – Arte Industrial Cinematográfica – São Paulo, fazendo trabalhos notáveis ao lado de outros profissionais, que certamente serão pauta no futuro. Nos anos 80, Líbero foi o Coordenador Artístico da empresa Álamo, em São Paulo, criada pelo Inglês Michael Stoll. Foi nesse período que me deparei pela primeira vez com seu trabalho.
Um pouco da história...
Desde 1985, Líbero dirigia o estúdio e tinha colegas que o acompanhavam/ auxiliavam na direção de dublagem de várias séries e filmes, dentre eles Mário Jorge Montini. Uma recém fundada distribuidora de São Paulo, de nome Everest Vídeo, que vinha de uma vídeo-locadora chamada Golden Fox no bairro da Liberdade, acabara de importar dois seriados "Live Action" (com atores reais, que no seu país de origem recebe o nome de “Tokusatsu”) e um desenho animado japonês (conhecido como “Anime”), fechando com a Álamo um contrato para a tradução e dublagem desses seriados. Toshihiko Egashira e Wilson Katakura eram os empresários por trás dessa façanha. Esses seriados eram:
Um pouco da história...
Desde 1985, Líbero dirigia o estúdio e tinha colegas que o acompanhavam/ auxiliavam na direção de dublagem de várias séries e filmes, dentre eles Mário Jorge Montini. Uma recém fundada distribuidora de São Paulo, de nome Everest Vídeo, que vinha de uma vídeo-locadora chamada Golden Fox no bairro da Liberdade, acabara de importar dois seriados "Live Action" (com atores reais, que no seu país de origem recebe o nome de “Tokusatsu”) e um desenho animado japonês (conhecido como “Anime”), fechando com a Álamo um contrato para a tradução e dublagem desses seriados. Toshihiko Egashira e Wilson Katakura eram os empresários por trás dessa façanha. Esses seriados eram:
O Fantástico Jaspion
Esquadrão Relâmpago Changeman
Comando Triplo Dolbuck
Sobre o trabalho realizado com essas séries, apenas uma data é confirmada com exatidão até o momento. Então, no dia 17/09/86, o primeiro começou a ser dublado. Com a demanda crescente de trabalho no estúdio, Mário Jorge resolve convidar de volta à empresa Gilberto Baroli, que já havia trabalhado por lá, mas estava em outro estúdio na época, para auxiliar na direção e consequentemente voltar a dublar na casa. Assim, Nair Silva, esposa do Líbero também se juntou ao time. Foi com esses quatro grandes nomes que tudo começou, numa arte que viria a me fascinar até hoje.
Dividindo a direção das séries, o quarteto acabou dublando personagens chave nos seriados, dando uma interpretação esplêndida, e fazendo história. As séries começaram a ser dubladas sem muita expectativa, pois apenas um lote inicial de 16 capítulos seria concretizado, aguardando um retorno sobre a aprovação do público alvo para a continuação do trabalho. Nesse pequeno hiato, Mário Jorge desligou-se da empresa. Em 1988, as séries caíram no agrado das crianças e estouraram. Um estilo de produção que não era inédito no país, pois em outras épocas, seriados do mesmo tipo fizeram sucesso por aqui, como é o caso de Ultraman e A Princesa e o Cavaleiro. As Fitas VHS vendiam muito, e a distribuidora conseguiu firmar um contrato com a emissora carioca Rede Manchete, colocando as séries no ar diariamente, transformando os heróis em sucesso nacional. Assim, mais do que depressa, a continuação da dublagem foi solicitada. Infelizmente, não é sabido quanto tempo se passou desde a dublagem inicial até a dublagem final dos episódios. Por consequencia, tivemos algumas alterações de vozes nos elencos principais das séries, mas nada que prejudicasse a qualidade e o resultado final do trabalho. As mais perceptíveis foram:
Em Jaspion, Denise Simonetto dublava uma protagonista, e foi substituída por Cecília Lemes; Benjamim Filho, que dividia as narrações com Francisco Borges havia saído do ramo, deixando a cargo do segundo a narração total; e Ricardo Medrado assumiu o personagem até então dublado pelo Borges.
Em Changeman, tivemos a saída do Paulo Ivo, que dublava o protagonista da série, dando lugar novamente à Ricardo Medrado; além do Mário Jorge, que dublava uma vilã e foi substituído à altura por Borges de Barros (e em um arco de 4 capítulos pelo próprio Líbero).
As séries foram veiculadas a exaustão na grade da emissora dos Bloch, levando a distribuidora, satisfeita com o retorno financeiro, à importar mais um programa: Comando Estelar Flashman, no início de 1989. Nessa parte da história, o quarteto de sucesso se formava novamente: Carlos Alberto Amaral integra o time de diretores da casa, assumindo as narrações de todas as séries que ali foram dubladas a partir desse momento. A nova série foi comandada pelo Líbero em pessoa, do começo ao fim, sendo até hoje tida por muitos fãs como a melhor dublagem de um seriado tokusatsu. Talentosos iniciantes juntaram suas interpretações com gigantes oriundos do rádio, formando um elenco invejável e impecável. Desta vez, Líbero deu vida ao vilão maior, o Patriarca Monarca La Deus.
Dividindo a direção das séries, o quarteto acabou dublando personagens chave nos seriados, dando uma interpretação esplêndida, e fazendo história. As séries começaram a ser dubladas sem muita expectativa, pois apenas um lote inicial de 16 capítulos seria concretizado, aguardando um retorno sobre a aprovação do público alvo para a continuação do trabalho. Nesse pequeno hiato, Mário Jorge desligou-se da empresa. Em 1988, as séries caíram no agrado das crianças e estouraram. Um estilo de produção que não era inédito no país, pois em outras épocas, seriados do mesmo tipo fizeram sucesso por aqui, como é o caso de Ultraman e A Princesa e o Cavaleiro. As Fitas VHS vendiam muito, e a distribuidora conseguiu firmar um contrato com a emissora carioca Rede Manchete, colocando as séries no ar diariamente, transformando os heróis em sucesso nacional. Assim, mais do que depressa, a continuação da dublagem foi solicitada. Infelizmente, não é sabido quanto tempo se passou desde a dublagem inicial até a dublagem final dos episódios. Por consequencia, tivemos algumas alterações de vozes nos elencos principais das séries, mas nada que prejudicasse a qualidade e o resultado final do trabalho. As mais perceptíveis foram:
Em Jaspion, Denise Simonetto dublava uma protagonista, e foi substituída por Cecília Lemes; Benjamim Filho, que dividia as narrações com Francisco Borges havia saído do ramo, deixando a cargo do segundo a narração total; e Ricardo Medrado assumiu o personagem até então dublado pelo Borges.
Em Changeman, tivemos a saída do Paulo Ivo, que dublava o protagonista da série, dando lugar novamente à Ricardo Medrado; além do Mário Jorge, que dublava uma vilã e foi substituído à altura por Borges de Barros (e em um arco de 4 capítulos pelo próprio Líbero).
As séries foram veiculadas a exaustão na grade da emissora dos Bloch, levando a distribuidora, satisfeita com o retorno financeiro, à importar mais um programa: Comando Estelar Flashman, no início de 1989. Nessa parte da história, o quarteto de sucesso se formava novamente: Carlos Alberto Amaral integra o time de diretores da casa, assumindo as narrações de todas as séries que ali foram dubladas a partir desse momento. A nova série foi comandada pelo Líbero em pessoa, do começo ao fim, sendo até hoje tida por muitos fãs como a melhor dublagem de um seriado tokusatsu. Talentosos iniciantes juntaram suas interpretações com gigantes oriundos do rádio, formando um elenco invejável e impecável. Desta vez, Líbero deu vida ao vilão maior, o Patriarca Monarca La Deus.
Como o sucesso do gênero não dava sinais de queda, e o nicho de mercado era promissor, outros licenciadores entraram na jogada, como foi o caso da Top Tape, do proprietário José Rozemblits. Assim, no final de 1989, aterrissou em terras tupiniquins a série Jiraiya, O Incrível Ninja. Mais uma vez, o estúdio escolhido pra fazer a Versão Brasileira foi a Álamo. Novos talentos que surgiram no seriado anterior, fazendo apenas pequenas participações e vozeirios, desta vez chegam ao papel de protagonistas. Da mesma forma brilhante, Líbero Miguel assumiu a direção e a voz do vilão Oninin Dokusai, dando continuidade ao trabalho categórico.
Após 16 capítulos finalizados, o inesperável aconteceu: Líbero sofreu o rompimento de um aneurisma cerebral e acabou falecendo, aos 57 anos, no dia 28/10/1989, no auge de sua carreira, se é que assim podemos dizer, pois sua passagem, por onde quer que seja, sempre alcançou o clímax. Um choque para os amigos e uma perda irreparável para a arte brasileira. Houve uma pausa inevitável na dublagem da série. A partir do capítulo seguinte, o personagem que havia recebido a voz de Líbero, acabou ganhando uma nova interpretação, por Gilberto Baroli. Assim, Nair Silva, a viúva de Líbero, assumiu a direção da série e ficou como Coordenadora da casa até 1996, dirigindo, dublando, escalando e administrando as produções internas.
Dono de um timbre de voz meio rouco - porém marcante - com personalidade em suas palavras, imortalizou sua voz em alguns personagens como o vilão principal do seriado Jaspion, o Satãn Goss. Em Changeman, interpretou os mais hilários personagens, desde um descolado monstro cantor de ópera, até um monstro frio e calculista que possuía um cérebro eletrônico. A voz dele se encaixava com facilidade nos personagens, e ao mesmo tempo se escondia bem nas “Dobras”, ação que às vezes era necessária ser feita, dublando mais de um personagem num determinado filme ou num capítulo de uma série. Termina aqui a breve participação de Líbero Miguel em minha vida.
Há dois anos busco informações em todo lugar e com todas as pessoas disponíveis que tiveram algum tipo de contato com esse profissional. Pouco se sabe, e poucos se manifestam, mas o suficiente para eu formar uma opinião concreta sobre sua personalidade. Embora aparentasse ser (e até certo ponto realmente era) uma pessoa extremamente fechada, possuía um talento externo cativante. É unânime, não há quem não use os mais agradáveis adjetivos para descrever o que ele foi. Uma pessoa a frente do seu tempo, com tato e percepção aguçados ao extremo quando o assunto era a qualidade na arte. Sempre enxergava a habilidade alheia, dando chance aos iniciantes e mesclando a juventude destes com o talento e a experiência dos veteranos. Abaixo, algumas das opiniões sobre suas “Crias”, nome que carinhosamente Nair costuma usar para os profissionais que começaram com eles e se firmaram habilmente no ramo:
“Quando eu precisei aprender, Líbero foi meu professor; quando eu precisei trabalhar, ele foi meu amigo.”
Gilberto Baroli
“O Líbero, além de grande profissional, era um figura humana como poucos, e se divertia muito conosco durante as gravações. Formávamos um grupo tão divertido de se trabalhar, que caímos nas graças até do Seu Michael Stoll, o lendário dono da Álamo.”
Francisco Brêtas
“O Libero, na minha opinião foi o maior e melhor diretor de dublagem no Brasil! Era uma pessoa maravilhosa pra trabalhar. Muito profissional e sempre lembrava a gente do sentimento nos momentos certos. A perda dele foi minha, de vocês, da arte em São Paulo.”
Lúcia Helena Azevedo
“Se existe alguém importante para a dublagem no país, esses nomes são Líbero Miguel e Nair Silva. O Líbero, junto com a Nair, foram meus grandes mestres. Ele começou na época que Rádio e TV eram novidades por aqui. Foi um pioneiro e deixou um legado muito importante. Tudo que sei hoje de interpretação Retórica e de Improviso, devo a ele. Líbero me ensinou a ser ator. Ele foi um dos maiores atores e intelectuais do Brasil.”
Carlos Alberto Amaral
“... e meu eterno agradecimento aos mais antigos, aqueles que serviram de exemplo quando eu comecei... e como dívida profissional, pessoal e humana, sem dúvida, Líbero Miguel, inesquecível mestre e amigo.”
Nelson Machado
“Trabalhar com o Líbero era um xodó... era um dos melhores diretores que tínhamos na dublagem. Aliás, eu fiz meu primeiro trabalho na dublagem com ele... foi ele que me indicou pro Sr. Michael, dono da Álamo, e fui aprovado por eles no teste e nunca mais parei.”
Figueira Junior
“É muito difícil falar sobre o Líbero. Como você disse, uma pessoa à frente de seu tempo, uma pessoa inovadora, sempre tendo idéias, muito bem informado, ou como se diz hoje, antenado com tudo. Na profissão então, nem se fala. Quando ele saía da direção e atuava na dublagem, era admirado, pois sempre criava alguma coisa, melhorava o trabalho.”
Benjamim Filho
Ouça um trecho da voz de Líbero Miguel, dialogando com a personagem de Nair Silva, no seriado Changeman:
Basta aguardar alguns instantes que o trecho começa a ser reproduzido automaticamente.
Fica aqui registrado uma singela homenagem a uma pessoa que, embora eu não tenha conhecido pessoalmente, fez e continua fazendo parte da minha vida e de tantos outros fãs. Tudo o que escrevi acima foi o que consegui apurar nesse tempo, e é óbvio que pode conter alguma informação que não relate 100% a verdade, por maior cuidado que eu tenha tido ao pesquisar e escrever.
Comentários, adição de informações, correções, elogios, críticas e qualquer coisa do tipo são EXTREMAMENTE bem vindas.
Após 16 capítulos finalizados, o inesperável aconteceu: Líbero sofreu o rompimento de um aneurisma cerebral e acabou falecendo, aos 57 anos, no dia 28/10/1989, no auge de sua carreira, se é que assim podemos dizer, pois sua passagem, por onde quer que seja, sempre alcançou o clímax. Um choque para os amigos e uma perda irreparável para a arte brasileira. Houve uma pausa inevitável na dublagem da série. A partir do capítulo seguinte, o personagem que havia recebido a voz de Líbero, acabou ganhando uma nova interpretação, por Gilberto Baroli. Assim, Nair Silva, a viúva de Líbero, assumiu a direção da série e ficou como Coordenadora da casa até 1996, dirigindo, dublando, escalando e administrando as produções internas.
Dono de um timbre de voz meio rouco - porém marcante - com personalidade em suas palavras, imortalizou sua voz em alguns personagens como o vilão principal do seriado Jaspion, o Satãn Goss. Em Changeman, interpretou os mais hilários personagens, desde um descolado monstro cantor de ópera, até um monstro frio e calculista que possuía um cérebro eletrônico. A voz dele se encaixava com facilidade nos personagens, e ao mesmo tempo se escondia bem nas “Dobras”, ação que às vezes era necessária ser feita, dublando mais de um personagem num determinado filme ou num capítulo de uma série. Termina aqui a breve participação de Líbero Miguel em minha vida.
Há dois anos busco informações em todo lugar e com todas as pessoas disponíveis que tiveram algum tipo de contato com esse profissional. Pouco se sabe, e poucos se manifestam, mas o suficiente para eu formar uma opinião concreta sobre sua personalidade. Embora aparentasse ser (e até certo ponto realmente era) uma pessoa extremamente fechada, possuía um talento externo cativante. É unânime, não há quem não use os mais agradáveis adjetivos para descrever o que ele foi. Uma pessoa a frente do seu tempo, com tato e percepção aguçados ao extremo quando o assunto era a qualidade na arte. Sempre enxergava a habilidade alheia, dando chance aos iniciantes e mesclando a juventude destes com o talento e a experiência dos veteranos. Abaixo, algumas das opiniões sobre suas “Crias”, nome que carinhosamente Nair costuma usar para os profissionais que começaram com eles e se firmaram habilmente no ramo:
“Quando eu precisei aprender, Líbero foi meu professor; quando eu precisei trabalhar, ele foi meu amigo.”
Gilberto Baroli
“O Líbero, além de grande profissional, era um figura humana como poucos, e se divertia muito conosco durante as gravações. Formávamos um grupo tão divertido de se trabalhar, que caímos nas graças até do Seu Michael Stoll, o lendário dono da Álamo.”
Francisco Brêtas
“O Libero, na minha opinião foi o maior e melhor diretor de dublagem no Brasil! Era uma pessoa maravilhosa pra trabalhar. Muito profissional e sempre lembrava a gente do sentimento nos momentos certos. A perda dele foi minha, de vocês, da arte em São Paulo.”
Lúcia Helena Azevedo
“Se existe alguém importante para a dublagem no país, esses nomes são Líbero Miguel e Nair Silva. O Líbero, junto com a Nair, foram meus grandes mestres. Ele começou na época que Rádio e TV eram novidades por aqui. Foi um pioneiro e deixou um legado muito importante. Tudo que sei hoje de interpretação Retórica e de Improviso, devo a ele. Líbero me ensinou a ser ator. Ele foi um dos maiores atores e intelectuais do Brasil.”
Carlos Alberto Amaral
“... e meu eterno agradecimento aos mais antigos, aqueles que serviram de exemplo quando eu comecei... e como dívida profissional, pessoal e humana, sem dúvida, Líbero Miguel, inesquecível mestre e amigo.”
Nelson Machado
“Trabalhar com o Líbero era um xodó... era um dos melhores diretores que tínhamos na dublagem. Aliás, eu fiz meu primeiro trabalho na dublagem com ele... foi ele que me indicou pro Sr. Michael, dono da Álamo, e fui aprovado por eles no teste e nunca mais parei.”
Figueira Junior
“É muito difícil falar sobre o Líbero. Como você disse, uma pessoa à frente de seu tempo, uma pessoa inovadora, sempre tendo idéias, muito bem informado, ou como se diz hoje, antenado com tudo. Na profissão então, nem se fala. Quando ele saía da direção e atuava na dublagem, era admirado, pois sempre criava alguma coisa, melhorava o trabalho.”
Benjamim Filho
Ouça um trecho da voz de Líbero Miguel, dialogando com a personagem de Nair Silva, no seriado Changeman:
Basta aguardar alguns instantes que o trecho começa a ser reproduzido automaticamente.
Fica aqui registrado uma singela homenagem a uma pessoa que, embora eu não tenha conhecido pessoalmente, fez e continua fazendo parte da minha vida e de tantos outros fãs. Tudo o que escrevi acima foi o que consegui apurar nesse tempo, e é óbvio que pode conter alguma informação que não relate 100% a verdade, por maior cuidado que eu tenha tido ao pesquisar e escrever.
Comentários, adição de informações, correções, elogios, críticas e qualquer coisa do tipo são EXTREMAMENTE bem vindas.
11 comentários:
Ivan, meu querido:
Quantos sentimentos bons foram despertados lendo tudo isso.
O Líbero enxergava sim a habilidade alheia como ninguém... e com isso trazia pro palco das atividades em dublagem muitos talentos.
Não só trazia como dava muiiiita chance, quando percebia que apenas uma timidez dificultava tudo. Nunca misturava amizade com a parte profissional, mas a inteligencia dele o fazia um primor na arte de agregar talento a perfis amigos, fazendo disso um produto final que hoje será dificil encontrarmos.
Quando o procurei para um estágio na época... ele me falou: "já te conheço", olhei bem nos olhos dele procurando o porque... me disse que o motivo era um comercial que fazia na época com Maria Luisa Castelli e Armando Azari (falecido)da empresa Estadão. Brincando dessa forma me deixou confortável para nunca mais ter parado até hoje.
Vc está de PARABÉNS por este trabalho.
Abrass.
Eu nem sei o que dizer Ivan...
Sou fã do Líbero como dublador, da mesma forma que você, e o motivo que te levou a ir atrás das informações sobre ele foram os os mesmos que os meus. A matéria está excelente!
Eu observo que o Líbero é para Sâo Paulo como o Orlando Drummond ou o Newton Da Matta são aqui pro Rio. Figuras únicas que marcaram vidas de profissionais que hoje estão aí, firmes e fortes, e que tiveram um ponta pé inicial nessas produções que NÓS sabemos que não é arte B, e que ensinou muita gente a se tornar um dublador de ponta.
Uma coisa que me chama a atenção nas dublagens dirigidas pelo Líbero é que, independente de erros de tradução, sincro e até mesmo de textos, não tem ninguém mal escalado no elenco e tudo é interpretado, como se ele realmente contagiasse todos os atores que participavam da dublagem a mergulhar naquilo ali, embora aquilo fosse diferente do padrão de produções que todos gostavam e estavam acostumados a fazer. Isso é um ponto positivíssimo pra um diretor, pois nem sempre, um diretor consegue extrair isso de um ator, e a gente percebe que o Líbero conseguia! É só observar as interpretações.
Ouvir histórias de pessoas que conviveram com seres humanos como o Líbero é realmente fascinante! A sensação que passa pela nossa mente é "gostaria de ter conhecido esse cara". No meu caso, vou além: Gostaria de ter conhecido e trabalhado com esse cara!
Não vejo onde acrescentar informações que ainda não foram ditas, pois como você mesmo disse na matéria, a gente só conta com a memória daqueles que conviveram com ele para nos dizer algo que possamos deixar de legado pra quem não conhece e precisa conhecer um dos grandes ícones da arte da dublagem no Brasil!
Parabéns meu amigo! O blog foi inaugurado com pé direito, e certamente, muita coisa boa ainda tá por vir por aí!
Um grande abraço!!!
É Yuri.. imagina o Libero na hoje moderna fase do PRO TOOLS e da mídia... onde até uma mosca asiática em tese poderia dublar...e infelizmente muita gente que se diz capaz, usa mal esses recursos, promove o pessoal não o global.
Enfim... ele estaria de cabelos em pé com algumas situações, mas faria com que os pequenos erros que eram típicos da época vistos na linguagem de hoje, somassem detalhes ao trabalho rico que fazia.
Produziriam um produto final ainda mais primoroso.
Porém o que ficou e porque ele deixou perfis seguindo seu talento, vale a história... fico feliz de ver tudo isso.
Abrass.
Ivan, mesmo que quiséssemos, não conseguiríamos falar tudo sobre o Líbero.
Trabalhei om ele por apenas um ano na Álamo, mas valeu por uma vida inteira. Tenho muito orgulho em ser um dos privilegiados pela oportunidade única de ter podido trabalhar ao lado de um "monstro sagrado" na nossa dublagem.
Homenagem mais do que justa, na passagem do aniversário de seu falecimento.
Um grande abraço
Quero, aqui, de coração, parabenizar esta iniciativa sua Ivan. É assim que se faz história, pesquisa neste país. Tenho certeza de que vou aprender muito com o blog.
Garanto que você está ajudando a preservar a memória da dublagem, de dubladores ocultos atrás de um microfone e que foram geniais.
Líbero Miguel foi uma escolha perfeita para o pontapé inicial desse desfile que você fará com amor e dedicação.
Conte sempre comigo!
Parabéns!
Bom, finalmente os longos meses de trabalho e dedicação se tornaram realidade. Já havia te parabenizado por e-mail e faço aqui novamente. Ótima iniciativa, Ivan, em resgatar e preservar a história da dublagem brasileira, sempre tratada com um certo descaso. Infelizmente essa não é a minha especialidade, mas tenho certeza que você vai conseguir fazer um trabalho de alto nível. Gostei também do link, nem me lembrava mais da voz do Líbero Miguel, afinal, faz anos que estou sem contado com a dublagem brasileira, por morar no Japão. E realmente, como era boa a dublagem dessa época (década de 80). Já coloquei o link em meu blog, e estarei sempre aqui bisbilhotando!
Amigos, não tenho palavras pra agradecer a todos. Infelizmente, nem todos os que visitam deixam comentários, mas alguns grandes amigos me mandaram uma mensagem, pelo orkut ou e-mail agradecendo e tecendo seus comentários. Confesso que foi difícil falar de uma pessoa como o Líbero, mas estou feliz com o retorno alcançado. Já estou começando a mexer com a segunda postagem, e espero agradá-los da mesma forma.
Grande abraço e obrigado por prestigiarem o meu espaço.
Muito legal essa matéria sobre o Líbero.Sem dúvida ele foi um dos grandes nomes da dublagem brasileira.E vale lembrar que ele,
mais ou menos na mesma época que os tokus chegaram no nosso país,
também fez várias pontas nas primeiras temporadas do Esquadrão Classe A,dublado na BKS(outro estúdio em que ele trabalhou muito)
e que também contou com a presença de vários dubladores dos tokusatsus,como o Chico Borges,o Borges de Barros,o Ézio Ramos,a Márcia Gomes,a Nair Silva,o Eduardo Camarão,a Neuza Azevedo,a Denise Simonetto,entre tantos outros.Sem dúvida faz muita falta para a nossa dublagem hoje em dia.
E mais uma coisa:os anos 1980 indubitavelmente foram uma época de ouro para a dublagem do nosso país.
Suposição:Líbero Miguel em Cavaleiros do zodíaco
Suponhamos que o Líbero Miguel estivesse vivo na dublagem do Cavaleiros do zodíaco até em 1996. Ele poderia ter dublado quem??
o Meu seria Saga de Gêmeos.
vcs gostaram do meu comentário??
Vejam só, achei no You Tube um documentário dos anos 1980 narrado pelo Líbero Miguel. Um achado e tanto, diga-se de passagem.
https://www.youtube.com/watch?v=vcXl4a_Dr4I&t=63s
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