Semana passada, o que parecia impossível, aconteceu. Foi divulgado que a ÁLAMO, a maior e mais antiga empresa de dublagem de São Paulo vai encerrar as atividades após quase 39 anos de existência.
Fundada em Outubro de 1972 pelo imigrante Inglês Sr. Michael Stoll, que chegara ao país como peça chave para compor o núcleo da Cia. Vera Cruz de cinema, estava destinada ao sucesso desde sua constituição. Empresário diferenciado e com um espírito aguçado para os negócios, logo viu no seu ramo de atividade - o de Técnico de Som - uma oportunidade para ingressar em um novo segmento, o da Dublagem para filmes e produções estrangeiras, que na época, com o advento da televisão, dava indícios de que seria um promissor ramo de atividade. Um pouco antes da Álamo, criara também a Brascontinental, uma distribuidora que atendia quase que exclusivamente a demanda da TV, que ainda engatinhava no país.
Neste cenário do início dos anos 70, tínhamos a pioneira A.I.C. - SP, ainda em atividade, cujo legado perdura até os dias de hoje; A Odil FonoBrasil, de propriedade da família de Ademar de Barros; e a filial recém criada dos estúdios da Cine Castro - RJ (que teve um fim precoce, já em 1973). Com um começo modesto, planejamento bem definido, muito trabalho e determinação, Stoll foi ganhando cada vez mais espaço no ramo, consolidando-se a partir de 1976, com o fechamento da A.I.C. Um movimento liderado pelos dubladores que ali trabalhavam assumiu a falida empresa e administrou-a como uma Cooperativa por um tempo, até se transformar na atual BKS. Mesmo assim, alguns profissionais migraram para o emergente conglomerado para buscar novas oportunidades. Inclusive, uma das maiores obras primas da dublagem lembradas pelos fãs até hoje lá foi gravada (infelizmente, eternizada apenas na memória de quem pode acompanhar), o desenho japonês – entenda-se “anime” – Pinóquio, imortalizado na voz de Ivete Jayme. Um sucesso absoluto da ocasião, exibido pela TV Tupi, TV Record (começo dos anos 80) e posteriormente TVS/ SBT. Houve ainda uma última reapresentação na segunda metade dos anos 90, pela Fox Kids e Rede Globo, todavia, com uma redublagem feita na VTI - Rio.
Focada na qualidade sonora e artística, o estúdio mostrava que tinha chegado pra ficar. No começo dos anos 80, a Álamo abriu as portas para novos talentos, atitude esta repetida várias vezes ao longo da história (e talvez o principal motivo de seu sucesso, sempre renovado a cada época). Novas vozes ingressaram e deram continuidade ao diferenciado trabalho que já vinha sendo feito. Muitos filmes, séries, desenhos, animes e até produções nacionais passaram por um processo de tradução, adaptação, dublagem, mixagem e finalização naquele espaço.
Na segunda metade dos anos 80, com a popularização do Videocassete, abre-se mercado para um novo segmento, o do Home Vídeo. Surge assim uma lacuna para disseminar cada vez mais produções com a maravilhosa e crescente arte brasileira. Cópias dubladas – e também legendadas, fato - eram replicadas intensamente, abastecendo locadoras a fim de suprir esse novo conforto proporcionado ao público: o de escolher o que assistir e na hora que quisesse.
Matéria gravada no estúdio no começo dos anos 90, à respeito das produções dubladas para VHS:
Nesta ocasião, as crianças que hoje estão na casa dos 30 e poucos anos foram bombardeados por uma avalanche de produções nipônicas do gênero "Live Action", com gente de verdade interpretando inúmeros heróis de olhos puxados, roupas coloridas e monstros de borracha. O que já não era novidade no país, uma vez que séries como National Kid e Ultraman já tinham feito a felicidade dos titios e vovôs de hoje em dia em décadas passadas. Jaspion, Changeman, Flashman, Jiraiya e Cia. Ltda tiveram sua versão brasileira a cargo do estúdio. Felizmente, esses lançamentos estão sendo eternizados pela Focus Filmes em DVD, disponibilizando a maravilhosa dublagem clássica.
Trecho da série Policial de Aço Jiban, outro sucesso japonês da TV Manchete, também dublada pela Álamo:
Líbero Miguel, Diretor Artístico da empresa na ocasião, era uma pessoa com um currículo ímpar. Tinha experiência em rádio, tv, teatro, e uma veia artística inquestionável. Dono de uma das vozes mais marcantes e poderosas da dublagem paulista, foi a porta de entrada de muitos talentos que até hoje nos brindam com excelentes trabalhos na dublagem e direção, seguindo a risca os princípios e ideais de seu mentor. Sempre ao lado do proprietário Stoll, traçavam o caminho a ser seguido, tendo sempre a qualidade como ponto chave. Inclusive a tecnologia sempre foi acompanhada de perto, fazendo com que o estúdio fosse o primeiro da América Latina a ter equipamentos para gravar no sistema Dolby Stereo, o extremo da qualidade sonora dividido em diversos canais. Infelizmente em Setembro de 1989, Líbero veio a falecer, mas sua esposa, Nair Silva, assumiu a empreitada e manteve-se no posto até Junho de 1996, conservando o padrão dos trabalhos ali realizados. Muitos diretores também fizeram trabalhos memoráveis com o passar dos anos: Mário Jorge Montini, Gilberto Baroli, Carlos Alberto Amaral, João Paulo Ramalho, Eduardo Camarão (que mais tarde também ocupou o cargo de Coordenador por um tempo), Ricardo Nóvoa, dentre outros.
Abaixo, uma matéria excelente do site Buteco da Net, com entrevistas (Alan Stoll, Diretor Geral do estúdio, inclusive), informações e muitas curiosidades sobre dublagem em geral:
E como nunca faltou trabalho, a TV sempre esteve recheada dessas obras: Filmes de renome como Bradock, Superman IV, Comando Delta, American Ninja, As Minas do Rei Salomão, A Cidade de Ouro Perdida e Tartarugas Ninja são exemplos de produções que tiveram sua versão brasileira brilhantemente à cargo do estúdio. Também muitas séries norte americanas foram dubladas lá: Muppet’s Show, Super Vicky, Anos Incríveis, O Mundo de Beakman, etc. Os desenhos não podem ficar de fora, e também marcaram época: Doug, O Fantástico Mundo de Bobby, Os Anjinhos, Homem Aranha e Quarteto Fantástico, só pra citar alguns.
Mas foi nos animes que a empresa se especializou e conquistou os corações dos Otakus de plantão. Matematicamente falando, pode-se dizer que pelo menos setenta por cento dos desenhos japoneses que passaram no país tiveram como assinatura o importante selo "Versão Brasileira: Álamo". Voltando nos anos 80, teve um anime majestosamente bem trabalhado, cuja repercussão foi acanhada, ofuscada pelo sucesso das demais séries japonesas, chamado Comando Triplo Dolbuck. Trazendo um elenco gabaritado como protagonistas, Eduardo Camarão, Carlos Laranjeira e Rosa Maria Baroli puseram o máximo de suas interpretações na série:
Dois anos depois, o anime Zillion, exibido pela Rede Globo no programa da Xuxa, foi um sucesso estrondoso, repetindo os mesmos atores de Dolbuck, com a mocinha, desta vez, à cargo de Neuza Maria Faro:
Nas produções dos anos 90, não houve um destaque muito grande, já que as animações passaram, em sua maioria, pela Gota Mágica, DublaVídeo e MasterSound. Mas esse cenário estava prestes a sofrer uma mudança total. Em 1999, Dragon Ball Z praticamente iniciou essa nova etapa, passando pela redublagem do cult Os Cavaleiros do Zodíaco (em 2003), e trazendo uma avalanche de séries para canais como Cartoon Network, Fox Kids, Locomotion e Animax. Inclusive neste ano, até a mais nova animação de FullMetal Alchemist Brotherhood, que ainda nem estreou no canal Sony Spin, teve a dublagem realizada pela casa. Traduções competentes, vozes bem escaladas, direção gabaritada, mixagem e "lypsinc" impecáveis foram os fatores levados em consideração pelos telespectadores. Mas havia muito mais além disso.
Como não sou do meio artístico, nunca tive a oportunidade de entrar na empresa e nem faço parte do cotidiano dos que ali trabalham, não posso dar total fé para as afirmações a seguir. Trata-se de MINHA SINGELA OPINIÃO, baseada em relatos de pessoas com quem pude conversar no decorrer de quase 4 anos em minha pesquisa.
E do outro lado, do âmbito interno, também só compreendi pontos positivos. Segurança, respeito, competência, igualdade, organização, e prazos – sim, de pagamento – são algumas das palavras que eram ligadas ao funcionamento da organização. Mas também seria uma utopia imaginar que nunca ninguém tenha tido algum tipo de desentendimento com a política da empresa ou de algum colaborador em específico. Deste modo, alguns se afastaram e optaram por não mais trabalhar lá; outros, a casa optou por não mais solicitar os seus serviços, porém, isto não impediu que a empresa e o profissional continuassem tendo sucesso em suas empreitadas.
Os motivos reais que levaram o Sr. Alan Stoll, filho do Seu Michael e atual proprietário a optar pelo encerramento da empresa ainda são desconhecidos. Acredito que nem serão informados para a "imprensa especializada”, mas garanto que os demais donos de estúdios, além de muitos dubladores vão conhecer a causa real. Alguns até arriscam palpites, baseando-se no cenário atual desse segmento de mercado.
Atualmente existem, segundo apurei, 23 estúdios de dublagem na capital paulista em plena e total atividade. Alguns não focam totalmente na dublagem, porém, volta e meia estão recebendo filmes para fazer a versão brasileira. O trabalho existe, e nunca deixou de existir, da mesma forma que Hollywood jamais parou de produzir filmes. O que acontece é que em determinadas épocas, o fluxo aumenta ou diminui drasticamente. Outrora, optam (os distribuidores) por mandar mais trabalhos para o Rio de Janeiro. Mais tarde, a divisão é feita novamente e a balança volta a se equilibrar. Mas o sucateamento e a transformação da arte de dublar em algo mecânico, acabou tornando o trabalho "frio" e industrial, assim como numa linha de produção. E em linhas de produção, existem metas, para que compromissos sejam honrados e prazos cumpridos, já que tudo gira em torno da relação produção/ faturamento. Se produzir pouco, fatura menos. Mas uma empresa de injeção e sopro, por exemplo, que possui máquinas ultra rápidas sendo monitoras por um só operador, jamais pode ser comparada à um trabalho artístico, feito por atores injetando os mais diversos sentimentos, onde leva-se um certo tempo para que um resultado final satisfatório seja alcançado. E tudo indica que foi isso o que fez com que essa medida fosse tomada. Como o que está sendo levado em consideração pelos distribuidores e pelos consumidores – sim, nós – não está sendo a qualidade, mas o preço, cria-se essa situação, fazendo com que adaptações ruins feitas em Miami e em estúdios obscuros que não atendem as normas do sindicato abocanhem uma boa parte do mercado, prejudicando aqueles que trabalham de forma totalmente lícita.
Uma empresa que sempre pregou pela qualidade não pode, do dia pra noite, simplesmente abandonar sua identidade e dar uma volta de 180º na sua política interna, fazendo tudo de forma diferente. Com o tamanho e a estrutura alcançada pelo estúdio, até no súbito fim o bom senso e a ideologia de outrora persistiu. Nada de falências, como aconteceu com outras empresas ao longo da história, que simplesmente acabaram num piscar de olhos, deixando desamparados técnicos, funcionários e diretores. Os que ali trabalham atualmente serão sim demitidos, porém, já estão cumprindo aviso prévio, terão suas carteiras de trabalho baixadas, e todos os amparos legais. E já vi um ex-colaborador expressando no Facebook o ORGULHO de ter sido um funcionário do conglomerado. Até o último suspiro o respeito para com os empregados foi uma preocupação.
Na minha única e exclusiva opinião, sem qualquer tipo de confirmação por conta da direção da empresa ou terceiros com eventuais ligações, creio que o proprietário simplesmente analisou o cenário atual, viu o rumo que as coisas estavam tomando, e percebeu que não deveria trabalhar do modo que vem acontecendo; esses fatores, aliados ao retorno financeiro não condizente, obrigaram-no a optar por parar. Duvido que tenha sido algum prejuízo (calote), e arrisco o palpite de que encerrou o exercício contábil no azul. Mas como manter tantos funcionários, responsabilidades, equipamentos de ponta e um infra estrutura impecável não estava sendo lucrativo, pra que esperar o barco afundar de vez? Assim tantos outros proprietários tivessem previsto essa situação e tomado uma atitude racional e correta como esta.
É triste o fim? Sem dúvidas. Quando comecei a ler a respeito no Dublanet, Orkut, Twitter e Facebook, confesso que fiquei com um nó na garganta. Desde muito criança, atribuo um grande percentual de minhas diversões em frente a TV à três grupos: A Toei, empresa japonesa que mais produz animes e tokusatsu; aos dubladores, que por meio de seus talentos encarnaram tantos heróis e vilões; e à Álamo, que deu a estrutura necessária para que tudo fluísse da melhor maneira possível. O sentimento é estranho, difícil de explicar, mas é literalmente o fim de um sonho. Uma época. Um pensamento. Uma ideologia. Sou péssimo em analogias, mas compararia o caso à perda de um familiar.
E como vai ficar? Creio que inicialmente pouco muda. Os demais estúdios continuarão, até o dia em que tal situação chegue até eles, pois infelizmente nada é para sempre. Para os dubladores, também acredito que num primeiro momento não muda quase nada. Os trabalhos que seriam da Álamo, encontrarão uma nova casa. E os atores também chegarão até esta casa, de um jeito ou de outro.
Infelizmente não pude conhecer a lendária Álamo, um lugar onde muitos sonhos foram criados, pelo menos pra mim. Mas vou carregar para o resto da minha vida tudo o que aprendi com produções lá dubladas. Ri, sofri, temi e aprendi assistindo essas séries, imaginando os profissionais dentro de um estúdio grande e escuro, fazendo aquilo que lhes dava prazer, para proporcionar, pelo menos uma fração do mesmo sentimento aos telespectadores. Por este motivo, minha pesquisa não vai parar. Muitos Dubladores e sem dúvidas outros estúdios ainda a merecem.
E também não posso me esquecer dos últimos diretores que lá estão, sem deixar a peteca cair, assinando trabalhos com toda a responsabilidade e orgulho em fazer parte do universo Álamo. Angélica Santos, Wendel Bezerra, Wellington Lima e Úrsula Bezerra, que são os que eu tenho contato. Parabéns por serem profissionais cujo ideais coincidem com a filosofia da Álamo.
VERSÃO BRASILEIRA: ÁLAMO. Eternamente em nossas vidas e corações. Obrigado Sr. Michael Stoll e Alan Mark Stoll, que deu continuidade à criação de seu pai e conduziu da mesma forma esse império por tantos anos após o falecimento do idealizador, ocorrido em 2005. A chama da Álamo jamais vai se extinguir nas lembranças dos fãs e de todos os felizardos que tiveram a oportunidade de passar por ali, e eu pretendo ser, pelo menos, uma parte desse elo de ligação, a partir deste ponto final até o futuro. ETERNAMENTE: ÁLAMO.
13 comentários:
Excelente texto Ivan. Analisa criteriosamente os problemas enfrentados pela Álamo. Vejo também com tristeza este encerramento do estúdio, uma vez que ainda garoto ouvi pela primeira vez a expressão "Versão Brasileira: Álamo".
Cada vez mais o cenário da dublagem vai perdendo a noção da qualidade e se voltando para outros interesses.
A Álamo faz parte da história da dublagem brasileira e deixou enormes legados.
Resta a esperança de que as suas dublagens, tão bem realizadas, não desapareçam com redublagens capengas em nome de uma nova tecnologia.
Dá um nó ao ler essa matéria... E sinceramente, ainda não consegui engolir essa notícia, talvez eu nunca consiga.
Fica a sensação de uma época e uma era terminou. Como fã de dublagem, essa foi uma das notícias mais tristes que já tive na vida.
E de deixar de coração partido.
Álamo para sempre e sempre!
Ingrid L. Santos.
Grande materia cara esta de parabens, e realmente foi uma grande perda.
Uma pena realmente a Alamo fechar! =/
Obrigado Álamo! Que as lembranças da nossa infância permaneçam para sempre nas nossas memórias! Tokusatsu Eternamente! Álamo Eternamente!
Correndo na Via Láctea com o Gigante Guerreiro Daileon, é Jaspion outra vez contra o terrível Satan Goss!!! Anri e o monstro Miya, todo o mal, eles vão acabar. Aonde houver perigo, nunca é tarde para lutar!
Na mira contra o Gozma, vamos juntos reagir! O nosso planeta Terra, ninguém pode invadir! Avante, Change Dragon, Griffon, Pégaso, Mermaid, Fênix e o Change Robô! Nosso Esquadrão Relâmpago, derrotamos o Rei Bazoo!!!!!
Vamos change! Esquadrão Relâmpago Changeman! Valeu, Álamo!!!!! Foi bom enquanto durou! Valeu!!!!!
um primo meu de 2 gral trabalhou pra alamo fazando versoes em portugues de desenho e foi ele que fes a fersão em portugues da abertura do anime dragon ball z chala hed chala e a outra do z que era posso precentir o perigo e o casl ele tambem dubladou o bob cantando aquelas musicas do desenho o fantastico mundo de bobby ele tambem fes a versão em portugues da abertura do dragon ball do goku pequena que a quela vamos conquistar as esfera do dragão
Nossa gente, fiquei chateado com essa notícia - A Álamo uma das maiores empresas de Dublagem de filmes e desenhos está encerrando suas atividades... Nossa sinceramente nem estou acreditando, quando trabalhava na extinta Everest Vídeo/Tikara Filmes com Animes e Tokusatsu, sempre fui acompanhar a dublagem dos desenhos e séries, inclusive as narrações dos comerciais de brinquedos... A Álamo ficará para sempre na história da minha vida, dentro de minha memória!!!
Um primor, sua materia, Ivan! Quanto ao fato, fiquei completamente passada...
É muito triste quando uma empresa de dublagem encerra suas atividades. Ainda mais se tratando de empresas de tradição, nome e qualidade no mercado. Quando entrei pra dublagem, há exatos 3 anos e 5 meses atrás, a VTI-Rio estava encerrando suas atividades. E a Herbert Richers já ia mal das pernas. Ainda consegui fazer um trabalho na Herbert, mas nada demais. E isso me frustrou, como dublador e como fã também. Havia um tempo no Rio de Janeiro em que, trabalhar na Herbert Richers era a glória pra qualquer um. E quando comecei, isso já não existia mais.
Eu não moro e nem trabalho em São Paulo, mas acredito que a sensação seja a mesma em relação à Álamo. É triste você saber que um estúdio de dublagem desse porte, que marcou não apenas a sua vida, mas geraçõeS (no plural) está encerrando as atividades, seja lá por quais motivos forem.
Quem é profissional do ramo e viveu tempos dourados desses estúdios (Álamo, Herbert, VTI, Megasom, Telecine, Gotamagica e tantos que já se foram), lembram com saudade a época vivida, lembram com lamento de crises enfrentadas, com orgulho crises superadas e com tristeza, questões que não puderam ser solucionadas.
Assim como a Herbert Richers era uma espécie de "padrão-qualidade" para o Rio de Janeiro, a Álamo era pra São Paulo. E é uma lástima que, nos dias de hoje, como a dublagem se encontra, perca-se uma empresa desse porte, com nome, tradição e qualidade.
Quem é fã e não conhece a realidade do meio, se decepciona tanto quanto os profissionais, e até mais. Não entendem os motivos dos acontecimentos, principalmente por não serem informados dos mesmos, e até por causa disso, não terem chance de formar uma opinião. O fã lamenta, fica indignado, desapontado, e questiona: "E agora?". O que eu digo não serve de consolo mas, a vida na dublagem continua.
Não faço idéia dos motivos que levaram a Álamo a seu fechamento, mas sejam quais forem, jamais deixará de ser uma perda lamentável.
Aos fãs que se preocupam como os dubladores farão daqui pra frente, acredito que possa dizer: Eles continuarão, pois dublador só fica desempregado quando falta trabalho pra dublar. A pergunta é: O que farão as outras pessoas que lá trabalhavam? As pessoas dos bastidores, que muita gente nem sabe que existe. Operadores, mixadores, secretárias, turma da contabilidade, da faxina, da segurança...
Um estúdio de dublagem também é uma empresa privada. E como toda empresa, passa por problemas internos que não são obrigados a ser trazidos ao público. Se alguém responsável pela Álamo se manifestar e quiser prestar contas ao público que aprecia e apreciou seus serviços ao longo de todos esses anos, ótimo! Se não, paciência...
O que vale é o que foi feito. Os tempos de ouro de produções listadas brilhantemente pelo Ivan, em sua reportagem quase historiográfica a respeito da História da Álamo, esses permanecem imortais. Seria bom se pudessem ser imortais no mercado consumidor, para que todas as pessoas que guardam na memória essa magia que envolve a boa dublagem, nunca se perdesse, como infelizmente, aconteceu e ainda acontece com algumas produções.
Deixo resgistrado publicamente o meu pesar do fechamento da Álamo, que também marcou minha vida e minha infância com seus trabalhos.
Morrem as empresas, ficam os trabalhadores. Novas empresas podem ser criadas e outras existentes podem ser aperfeiçoadas. Depende apenas de quem toma as rédeas e fica a frente do trabalho.
Dias melhores pra nossa dublagem é o que posso desejar, e que a arte nunca se perca.
Quero realçar os parabéns ao Ivan, que além de fã, se tornou um pesquisador de gabarito no assunto (como alguns outros fãs também o são) e que luta, sem nenhum tipo de interesse, pra que a arte seja reconhecida pelos louros do passado nunca antes revelados. E parabéns por mais essa reportagem incrível, registrando a história da Álamo!
Um grande abraço a todos os frequentadores desse blog fantástico!
Yuri Calandrino
Ator/Dublador/Historiador
Excelente blog Ivan e parabéns pelo trabalho de pesquisa sobre a grande e muitas vezes substimada arte da dublagem.
Come se já não bastasse o fechamento da Herbert Richers e da VTI (ao qual eu não sabia de sua extinção), agora a Alamo, eu como fã de Tokusatsu, acho lamentável.
Só gostaria de saber quais os reais problemas da dublagem atual a que muitos se referem.
Sou muito grato às palavras de todos os amigos e os que eu não conheço, mas que perderam alguns minutos de seu tempo lendo minha matéria e postando um comentário. Torço fortemente para que tudo o que a empresa produziu nessas 4 décadas não caia no esquecimento. O que estiver ao meu singelo alcance, será feito. Sempre.
ivan cara muito obrigado mais uma vez por essa homenagem ao stuudio alamo valeu mesmo!!!
Muito triste estamos
Soube agora como assim Álamo fechou
Poxa mais que nó na garganta
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