terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sergio Cavalcante, o Dublador do Harry Osborn

Um dos desenhos que eu mais gostei de acompanhar na minha vida foi o Homem Aranha Anos 90 (Spider Man Animated). Essa adaptação não era a primeira estrelada pelo herói, mas tinha um enredo eletrizante, uma animação com efeitos 3D marcante, e uma narrativa atípica. Apaixonei-me assim que vi pela primeira vez na Globo, mais ou menos em 1997, uma vez que a estréia do seriado foi no canal fechado da FOX, no segundo semestre de 1996.

Mas o que mais me chamava atenção era o fato de que o Peter Parker/ Homem Aranha tinha a voz de outro personagem que idolatro até hoje: Jiraiya. Pra falar a verdade, nessa época eu não estava mais acompanhando as séries que estavam sendo veiculadas na Manchete (Winspector, Patrine, Solbrain e RX), e estava órfão dos heróis de minha infância. Quando me deparei com o Homem Aranha e seu excepcional dublador, foi um achado e tanto!

Mauro Eduardo Lima dublava o protagonista, e juntando os dois elementos que me agradavam (roteiro e dublagem), virei fã de carteirinha do Cabeça de Teia. Comecei a comprar os HQ’s, coisa que jamais tinha feito até então. Nunca liguei muito para os Heróis do Universo Marvel/ DC, mas foi só começar que peguei o gosto, que durou até o final dos anos 90. Mas já estou desvirtuando o assunto...

Eu e um colega começamos a comprar uma coleção de revistas que vinha com as fitas (contendo 2 episódios) do desenho do Aranha. Tinha a primeira temporada completa e se não me engano, parte da segunda. Pra variar, a Globo só exibia os 13 capítulos da primeira etapa, e vira e mexe tirava o seriado do ar – e depois voltava. Sedento de assistir os capítulos inéditos, consegui fazer com que meu pai comprasse a SKY no final de 1998, que exibia uma porção de séries legais, como o Fantástico Mundo de Bobby, Power Rangers Zeo e Turbo, Mortal Kombat e muito mais. Mas para o meu azar, não tínhamos dinheiro para pagar a mensalidade do pacote Advanced, que na época custava R$ 65,00, e só ele dava direito à Fox Kids. Fizemos das “tripas coração”, como diz o dito popular e conseguimos ficar com o pacote por 2 meses, o suficiente para eu ver a série do Aranha inteira.

Muitas das vozes clássicas da época do Tokusatsu dublavam o seriado, coincidentemente na mesma Álamo que outrora brilhou com as séries japonesas: Francisco Brêtas, Elcio Sodré, Eduardo Camarão, Muíbo Cury, Eudes Carvalho, Ricardo Nóvoa, Valter Breda, dentre outros. E muitos profissionais mais novos, que eu conhecia pelos Animes também marcavam presença na produção: Jonas Mello, Paulo Celestino, Fabio Moura, Fátima Noya, Fabio Tomasini, Daoiz Cabezudo, Paulo Porto, Bruno Rocha, Marli Bortoletto, Silvio Giraldi, e por aí vai. Com isso, o seriado me cativou de vez. É válido deixar registrado que a série teve alguns problemas com a dublagem no aspecto técnico, embora o artístico fosse esplêndido, mas isso é assunto para uma postagem futura que já estou desenvolvendo.


No entanto, algumas vozes que eu ouvia ainda eram desconhecidas. Recentemente descobri a participação do Paulo Wolf no seriado, mas tinha um personagem fixo, o Harry Osborn, que tinha uma voz que eu nunca tinha ouvido. E esse mistério estendeu-se até hoje. Nesse fim de semana, escolhi um capítulo que esse personagem tivesse várias falas e editei, como de costume, um trecho de áudio para pesquisar. Novamente minhas fontes foram a excelente dupla de profissionais Angélica Santos e Márcia Regina. As duas participaram da série, o que não quer dizer nada, já que na época provavelmente já se gravava separado, mas não custava tentar. Com um palpite certeiro da Márcia, eis que o dublador do Harry Osborn é o Sergio Cavalcante.

Atualmente ele dubla pouco, e está trabalhando no ramo de comerciais. Pesquisando na internet, achei essa foto dele, e um vídeo no Youtube, com um pot-pourri de seus trabalhos. E o que é mais engraçado, essa timbre de voz eu tenho memorizado há anos, e já vi várias vezes alguns desses comerciais, mas jamais liguei a voz ao personagem. Em seguida achei seu e-mail, e mandei-lhe uma mensagem, que foi prontamente respondida pelo ator.

Começou na Álamo mesmo, e o Harry foi um dos primeiros personagens que ele fez. Na época, estagiava com a já conhecida Nair Silva. Depois dublou o Mickey em A Hora do Recreio, na Sigma, e chegou a lendária Gota Mágica na época dos Super Campeões, em meados de 1997, onde dublava o Ishizaki. Ele me disse que ainda dubla esporadicamente, quando convidado, mas não é o principal ramo de seu trabalho, embora goste muito de exercitar sua voz. Também está gravando uma série chamada Bipolar, que vai estrear no Canal Brasil no dia 02 de setembro.

Segue o comercial mais atual gravado por ele para o Burger King:


E assim mais um nome que nós fãs não conhecíamos veio a tona. Agradeço à Angélica e a Márcia mais uma vez, e aproveito para parabenizá-lo pelos trabalhos, Cavalcante!

3 comentários:

Spyker disse...

Nossa, a dublagem desse desenho era a maior salada. Eu pessoalmente tenho repulsa a essa dublagem. O desenho tecnicamente era bom, e eu gostava, tinha até algumas fitas e revistas da Spider-Man Collection. Mas o desenho em si, a partir da Saga do "Aranha-Homem" fica louco, com personagens terríveis como Madame Teia, e a mistura da batalha do Duende Verde com a dimensão de Dormammu... Sem falar da versão animada das "Guerras Secretas", um lixo total...Voltando a dublagem, claro que tem muita gente de talento, mas a tradução do texto e o respeito à continuidade (vozes) foram terríveis. Barão Mordo com a voz do Montini num episódio, depois não é mais, o termo "simbiarte" (simbionte) inventado pela tradução, "revólver de teias", Fera se transforma em "A Besta"... Na verdade, desenhos da Marvel sempre foram dublados no Rio, desde seus primórdios, e o pessoal carioca têm muito Mais cuidado com as produções desses heróis. Todos os casos de heróis Marvel dublados em São Paulo foram um desastre completo, constando também fora essa série do Aranha, os desenhos "desanimados" do Homem de Ferro, Capitão América, Thor (que também feito pelo Mauro) entre outros, redublados pela segunda vez na Centauro e Mastersound. Por exemplo, no do Homem de Ferro, um erro gravássimo, foi o de chamarem o Kraven de "Brutus, O Caçador"... Nossa, considero um crime mesmo, mandarem séries de heróis americanos pra SP... Não há pesquisa, vai tudo nas coxas mesmo.
Adoro muitas dublagens de Sampa, mas essas eu prefiro esquecer, de verdade. Fica o dasabafo e parabéns pelo blog.

Betarelli, Ivan D. disse...

Oi Spyker.

Realmente essa dublagem foi meio descuidada. Eu acho que da parte artística ficou boa, com muitas vozes bem escaladas, mas foram dois os problemas:

1) - Tradução. Os termos a que vc se refere (Fera virou "Animal", e não "Besta"), e "Simbiate" provavelmente vieram do tradutor, que não conhecia nada dos Heróis do Universo Marvel;

2) - Direção. A série teve no mínimo 3 diretores (Eduardo Camarão começou, e depois vieram pelo menos mais dois, que foram Angélica Santos e o próprio Mauro Eduardo). Na época, pelo que apurei, havia um rodízio grande de diretores no estúdio, diante do excesso de produções que a casa dublava. Tá certo que uma coisa não justifica a outra, uma vez que o rodízio de vozes foi gigantesco, tendo um personagem (Alistair smythe) com 5 vozes diferentes ao longo dos pouco mais de 50 capítulos do desenho.

Não vou escrever mais porque estou assistindo e analisando essa dublagem, que vai ganhar uma postagem bem dissertada aqui no Blog.

Grande abraço!

Anônimo disse...

Faço minha as palavras do Spyker... e aproveito para dizer que eu gostaria que o Carlos Laranjeira estivesse vivo até hoje, ele poderia participar da dublagem desta série...