domingo, 7 de março de 2010

Focus Filmes no Tokusatsu Show!

Ontem foi o dia “D”, aquele em que o Sr. Affonso Fucci, da Focus Filmes foi no Tokusatsu Show, falar sobre os erros e acertos no lançamento dos Tokusatsu no Brasil.

Pra quem não teve a oportunidade de acompanhar, eu editei e upei o áudio da entrevista inteira. Pra quem não tem tempo – ou não quer ouvir – o arquivo (mais ou menos 01:10 hs), segue os principais tópicos, conforme os assuntos foram saindo:

- Recall dos DVD’s: novamente disse que usou as imagens que recebeu da Toei, e continuam, segundo ele, tentando contato com a empresa nipônica pra conseguir uma imagem com qualidade maior, e daí sim ver a POSSIBILIDADE (isso mesmo, possibilidade) de corrigir o problema;

- Imagem de DVCam: salientou que recebeu as fitas nesse formato para extrair o conteúdo e autorar os discos. No caso de Jaspion e Changeman (com ressalva nos capítulos 05 e 20) eu concordo, realmente as séries tiveram uma imagem legal, mas no primeiro box de Jiraiya, sinto muito, mas literalmente copiaram os DVD’s piratas, editando os trechos em que o vídeo tinha falha, e depois lançaram. Pode-se perceber nitidamente já numa das primeiras cenas do primeiro capítulo, durante o diálogo do Dokusai com o Karasu Tengu;

- Áudios: disse que foram todos extraídos das fitas U-Matic do Toshi, mas os capítulos 05 e 20 vieram iguais ao da coleção pirata, pois até mesmo as falhas no episódio do Cristal X, que são consideráveis, estavam lá;

- Lançamentos futuros: assegurou que vai estar mais atento, e se for o caso vai pegar o DVD japonês pra argumentar com a empresa que cedeu as imagens que existe sim uma qualidade maior do que o que foi enviado para a Focus;

- Jiban: lançamento garantido e já está em processo de negociação. Segundo ele, o funcionário encarregado das aquisições dos seriados já teve carta branca para comprar a série;

- National Kid: falou que as imagens foram tiradas da U-Matic da Sato Co., e não de uma fita VHS como foi falado. Disse também que a dublagem está a cargo da Clone Áudio e Vídeo, e o Emerson Camargo (dublador original do personagem) não aceitou voltar no personagem, por achar que sua voz não é mais condizente. Creio que a redublagem, odiada por muitos, inclusive eu, tem a vantagem de estar nas mãos de gente competente e com experiência no gênero: Nair Silva, diretora de Jiraiya, Jiban e tantos outros seriados na Álamo, trabalha na empresa, e é fã assumida do super herói que assistia na infância;

- Ryukendo: tomou um belo prejuízo, vendendo pouco mais de 10% de sua tiragem inicial. Infelizmente, num primeiro momento, a série não será concluída;

- Full Metal Alchemist: embora seja um seriado que não deu retorno, e no máximo empatou, a Focus vai lançar o restante, demonstrando respeito aos fãs;

- Vendas: Jaspion vendeu uma quantidade muito boa (não falou em números exatos), seguido por Changeman (20 % menor) e Jiraiya (40 % menor), se comparado com o herói da roupa Metaltex. National Kid superou as expectativas, já tendo uma nova remessa de boxes encomendados para o fabricante;

- Tokusatsu.com.br: não há nenhum tipo de vínculo financeiro entre a empresa e o grupo, muito menos com a Yamato, fato este que já vem sendo falado há tempos, mas existem aqueles que custam a acreditar;

- Pesquisa de nicho de mercado: antes de lançar um seriado/ desenho, a empresa faz sim uma pesquisa com alguém que tenha algum tipo de contato com fãs, afim de conhecer o campo em que está adentrando. Citou inclusive sua participação no dia 20/02 no programa HQ & Cia, onde indicaram para ele o anime Zillion;

- Jiban/ Flashman: Jiban já foi falado, disse apenas que está “procurando” as fitas com a Top Tape pra ver a questão do final dublado, e caso não exista, farão como 3 capítulos do box de He-Man, que foram redublados. Na verdade, esses 3 capítulos não vieram para o Brasil na época de lançamento da série na Globo, o que acarretou uma nova dublagem, desta vez em São Paulo, mudando as vozes de todos os personagens. No caso do Jiban, pode haver uma dublagem nos 2 últimos capítulos (o que seria meio trágico, já que o Carlos Laranjeira, dublador original do personagem faleceu em 1993, e não vejo ninguém a altura para substituí-lo) ou apenas manterem esses capítulos com legenda. O Flashman ainda não foi decidido nada, a série entrará em pauta nas discussões para o futuro a partir de amanhã;

- Controle de qualidade: garantiu que serão tomadas as devidas precauções para que a falha acontecida não se repita, e que ao contrário do que pensamos, o consumidor não engole tudo quieto (...). A repercussão, principalmente em Jiraiya foi grande, e não gostariam que isso acontecesse novamente. Além disso, comprometeu-se a trazer um DVD de Jiban pra que seja feito uma análise num futuro programa Tokusatsu Show, antes do lançamento;

- Brinquedos: envolve um outro tipo de licenciamento, que não interessa para a empresa no momento;

- Movies: tem interesse, se houver mercado. Hipótese não descartada para o futuro;

- Lançamento de material inédito: afirmou que é complicado, pois o preço é muito alto só do licenciamento, imaginem o restante (propaganda, dublagem etc). Não disse que sim nem que não, mas eu particularmente não vou criar expectativas;

- Kamen Rider: assim como Caverna do Dragão, eles tem um interesse muito grande em lançar, mas essas séries estão nas mãos de “Majors”, grandes empresas que, além de não lançarem, não vendem pra nenhuma outra distribuidora. Com certeza devem ter uma estratégia por trás desse ato, o que até então continua sendo uma incógnita;

- Fitas com as Dublagens: tem contato com o Toshi, mas disse que o homem é complicado para negociar. A Focus fez um contrato adquirindo os direitos sobre as dublagens dos seriados lançados por ela por um prazo de 5 anos. Também pagou os direitos conexos de todos os Dubladores que solicitaram e que participaram das obras. Quem liderou as negociações por parte dos dubladores foi a Alessandra Araújo. As U-Matic dos outros seriados (Flashman, Metalder, Spielvan, Maskman, Black, RX, Winspector, Solbrain etc) da Everest Vídeo/ Tikara Filmes ainda estão com o Toshi;

- Conservação das fitas: as de Jaspion estavam num padrão aceitável de conservação, mas as de Changeman estavam literalmente nadando no bolor, dentro de caixas de isopor quebradas. As fitas foram passadas no aparelho uma vez apenas para tirar o embolorado. Em seguida, limpavam o cabeçote da máquina e “chacoalhavam” a fita, para que a sujeira caísse. Nota zero para a conservação, o que atrapalhou um pouco os áudios do primeiro box do seriado e bastante no segundo (review detalhado logo, logo aqui no Blog);

- BluRay: fora de cogitação para os seriados tokusatsu por motivos óbvios;

- Relançamento: estarão fazendo o Ghost in the Shell, anime lançado pela Flashtar no passado. O Pequeno Príncipe provavelmente terá continuação, e Robô Gigante terá seu primeiro volume relançado, junto com os outros 6;

- Legendas/ Autoração: a empresa responsável por fazer o Jaspion foi a BKS, e o Changeman e Jiraiya a Centauro. A revisão das legendas dos dois primeiros lançamentos foram feitas pelo Ricardo Cruz. Jiraiya não teve revisão;

- Ricardo Cruz: prestou serviço para a Focus e recebeu por esse serviço prestado. Nada mais justo e nenhuma novidade até então;

- Boneco do Jaspion: foi apresentado um projeto maravilhoso, mas na hora da entrega apareceram com aquilo que vimos (e temos em casa). O primeiro protótipo foi reprovado por eles, mas passaram-se 30 dias e a terceirizada não dava sinais de vida, e na última hora, quando as latas estavam indo para as lojas, voltaram com o mesmo boneco, e aí não havia mais o que fazer;

- Latas amassadas: São confeccionadasem Santa Catarina, enviadas para São Paulo e re-enviadas para Manaus-AM. Esse trajeto acaba avariando o produto, por mais que sejam tomadas medidas preventivas. Ainda tem o agravante que, depois de prontas, são novamente enviadas para a capital paulista, e sofrem ainda um último envio da loja para a casa dos consumidores, no caso de lojas de internet (Submarino, Saraiva, Americanas, etc);

- Lost Canvas: mais 13 episódios já estão a caminho, e o contrato já foi assinado;

- Lançamentos seguidos: com certeza prajudicaram o desempenho das vendas, mas foi uma decisão interna de mais pessoas dentro da empresa, e nada pode ser feito.

E estes foram os assuntos colocados em pauta com o Sr. Affonso. Eu achei que ele foi sucinto nas respostas, porém coerente. Não "lavou roupa suja" como muitos esperavam, mas disse o que tinha que ser dito. Só acho que ele omitiu a verdade (ou parte dela) no caso do Jiraiya, pois não foram aquelas imagens que ele recebeu não. É só assistir o genério e o que eles lançaram. Estão idênticos. E também duvido que haverá Recall, infelizmente. No mais, fiquei contente com o resultado positivo da entrevista, e vou dar uma segunda chance para a empresa: comprarei o Jiban na Pré-Venda. Aguardarei ansiosamente o lançamento. Se souberem trabalhar com o seriado, tem tudo para ser um sucesso no mínimo igual ao Changeman. E se colocarem os dois últimos capítulos dublados e fizerem uma divulgação desse material inédito, os fãs comprarão com certeza. Essas dublagens lendárias serão um excelente brinde. Eu, que sou fã de carteirinha do Carlos Laranjeira, vou ficar eternamente grato.

2 comentários:

Gyaban disse...

Gostei da parte que o Toshi tem as U-matic de Metalder e Spielvan. Quem sabe um dia essas séries tambem pintam por aqui.

Agora, eu acho que deveriam ter rebatido a resposta sobre Jiraya e dizer que as falhas do DVD alternativo foram cortadas no DVD da Focus, evidenciando que foi copiado. Tinha que ter dado um aperto.

Outra coisa: Jaspion foi autorado pela BKS. Então mandem as próximas séries pra BKS também. A Centauro não fez um trabalho 100%, incluindo falhas de sincronismo.

Quanto a redublagem dos dois últimos episódios de Jiban, caso não exista dublado, acho até viável. Seria bom ver como a dublagem de hoje se sairia em seriado deste estilo. Mas torço para que realmente exista o final dublado.

Betarelli, Ivan D. disse...

Também acho que a unica coisa que ficou faltando foi uma pressão em cima disso, Gyaban. Mas é aquele tal negócio, o homem aceitou ir no programa e falar abertamente sobre todos os assuntos, e se o pessoal ficasse insistindo e questionando o que ele estava dizendo, poderia não ter saído um bate papo legal como aconteceu. Acho que no geral, conduziram muito bem a conversa.

A BKS fez um serviço de mestre com Jaspion, mas com certeza o preço da Centauro era mais baixo. Acabaram optando pelo mais em conta e deu no que deu. Mas o próprio Afonso enfatizou "Não é uma empresa ruim, mas não sabemos o porque dessas falhas". Estou acompanhando os áudios do segundo box de Changeman, e ainda não achei os problemas de sincronismo, mas os capítulos 48 ~ 53 vieram bem lentos, a ponto de estragar os episódios. Falarei sobre isso logo, logo.